Não me consigo concentrar
Há tanto barulho
Isto é fazer o impossível
mas parece plausível.
Com o baralho a baralhar
a máquina a lavar
o fecho a fechar
o trabalho a trabalhar
o pintor a pintar.
Não me consigo concentrar
Com o corredor a correr
o tecido a tecer
o coração a bater
o aprendiz a aprender
o lápis a escrever
a panela a aquecer
a água a ferver
com alguém a ser.
Não me consigo concentrar
Com a pessoa a cair
o vidro a partir
o livro a abrir
o bebé a sorrir
o barco a partir
o cão a ganir
o vencedor a conseguir
as crianças a rir.
Quanto à concentração
Eu consegui!
Inspirado no poema
“Cabeça no ar” de Manuel António Pina
Gonçalo S. - Turma X